1 de jan. de 2011

Nostalgia high tech

Visualize: Garrett Hedlund caminha sensualmente contra a luz, com ar de gostosão e um sorriso que faz o tipo “vou salvar o mundo e roubar seu coração, gata”. Parece comercial de desodorante masculino. Parece, mas não é. Dando continuidade ao clássico de 1982, "Tron ― O Legado" chega aos cinemas como a promessa tecnológica da Wall Disney para fechar o ano de 2010. Feita para soar como uma grande aventura digital marcada por parafernálias high tech, a produção do estreante Joseph Kosinski pode até empolgar no visual, mas patina no roteiro.

A história, inicialmente mastigada em flashbacks, parte do ponto onde o título anterior, "Tron ― Uma Odisséia Eletrônica", parou: o desaparecimento do programador e dono de um império tecnológico Kevin Flynn (Jeff Bridges). Assombrado pelo misterioso sumiço do pai, o jovem e já crescidinho Sam (Garrett Hedlund) decide investigar uma mensagem enviada do antigo escritório de Flynn e (SURPRESA!) acaba conduzido ao mundo digital d’A Grade. Seguindo o clássico mimimi familiar, pai e filho se reencontram e seguem juntos numa jornada para derrotar o vilão tirânico Clue, versão eletrônica de Flynn. A partir daí, preparem-se, começam os clichês para a resolução do conflito entre pai e filho.

Para nossa tristeza, as cenas em 3D são pouco exploradas, tornando a tecnologia quase dispensável. A ideia de filmar trechos iniciais em 2D e deixar a terceira dimensão para o mundo cibernético não funciona — e ainda irrita por ter feito você pagar mais caro por isso. O destaque de Tron deve-se mesmo à ótima trilha sonora, assinada pela dupla francesa Daft Punk. O duo, inclusive, tem direito à aparição surpresa numa das melhores cenas do filme.

Se “Tron — Uma Odisséia Eletrônica” conquistou ares de clássico cult com efeitos especiais à frente de seu tempo, sua seqüência chega aos cinemas mais como promessa do que como evolução.

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