14 de out. de 2010

O sistema é foda



"Esta é uma obra de ficção, embora pareça realidade." A advertência, dada nos primeiros minutos do filme, desmancha-se em piada ao longo do banho de realidade que "Tropa de Elite 2 — O inimigo agora é outro" (2010) dá no espectador. O longa, de José Padilha, agora traz um Capitão Nascimento pai, de cabelos brancos e com profundas olheiras. Deixou o comando do BOPE para assumir o cargo de subsecretário de Segurança Pública do Estado do Rio.

Seu objetivo é único: transformar os Caveiras em máquina de guerra e acabar com o tráfico de drogas. O problema é que a teoria não vira prática. Ao eliminar os traficantes, meros intermediários na cadeia alimentar da bandidagem, a tática de Nascimento deixa o caminho livre para as milícias ocuparem as favelas cariocas. São policiais corruptos que se beneficiam do dinheiro arrecadado nas comunidades, aliados a políticos corruptos que se beneficiam dos votos arrecadados nessas mesmas comunidades. É, Nascimento, o sistema é foda.

Como era esperado, o longa aproveitou o sucesso da franquia anterior para amadurecer seu papel social. Oferece menos sangue e menos cenas de ação — embora mantenha o humor negro. Ganhou trama complexa, mostrando que o verdadeiro inimigo não está no morro, e sim em Brasília. O filme pode até ser taxado de blockbuster nacional, mas consegue dar um tapa na cara do espectador. No fundo, "Tropa de Elite 2" parece mesmo um irmão mais velho e maduro, feito sob medida para deixar o gostinho pós-eleição: quem sustenta tudo isso, infelizmente, somos nós.

1 comentários:

seria maneiro se o filho do capitão nascimento tivesse morrido no filme, pq aí ele se transformaria na versão brasileira daquele personagem do gerard butler no filme "law abiding citizen" e colocaria geral na conta do sistema :p

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