De "Canibal Holocausto" (1980) ao mais recente "Atividade Paranormal" (2007), os mockumentaries tornaram-se um filão exaustivamente explorado quando o assunto é terror. A onda dos falsos documentários gosta de brincar com as crenças do espectador ao simular uma realidade. Essa, entretanto, não parece ser a premissa em "O Caçador de Trolls" (2010). Embora procure seguir o estilo em termos formais, o filme de André Ovredale apresenta-se muito mais como piada ao próprio gênero do que como tentativa de construir uma verdade.
Estruturalmente, todos os elementos de um tradicional mockumentary estão lá. A mensagem, nos créditos iniciais, trata de alertar o público: o filme é uma versão baseada em arquivos enviados anonimamente para a produtora Filmkameratene em 2008. As imagens foram analisadas por uma equipe especializada, que constatou a autenticidade do material. Leia-se "baseado em fatos". As sequências seguintes, contudo, tomam o caminho da sátira ao mostrar três estudantes da Universidade de Volda, na Noruega, à procura do misterioso Hans (Otto Jespersen), um caçador de... TROLLS! A paródia descamba ainda mais quando os jovens descobrem que o sujeito, na verdade, trabalha para um órgão secreto do governo norueguês — o Instituto de Segurança de Troll.
Utilizando recursos comuns ao gênero, como câmera na mão, visão noturna, cortes secos e cenas mal enquadradas, "O Caçador de Trolls" revela-se um documentário explicitamente falso, cuja principal preocupação não está em enganar ou assustar, mas sim em fazer rir. Apesar do ritmo lento estimulado por sequências dispensáveis, a produção encontra boas sacações nos detalhes e, principalmente, na atuação de Jespersen. Impossível não mostrar, pelo menos, aquele sorrisinho no canto da boca em algum momento — seja por achar graça de Hans berrando "Troll" em plena floresta, seja por rir de si mesmo. Afinal, você pagou para ver monstros gigantes, peludos e caricatos que adoram comer cristãos. Mas, vai, tem muito mockumentary pior por aí que quer ser levado a sério. A gente só tem a agradecer por esse não ser o caso de "O Caçador de Trolls".
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