21 de out. de 2011

Festival do Rio: Comical-mentary

De "Canibal Holocausto" (1980) ao mais recente "Atividade Paranormal" (2007), os mockumentaries tornaram-se um filão exaustivamente explorado quando o assunto é terror. A onda dos falsos documentários gosta de brincar com as crenças do espectador ao simular uma realidade. Essa, entretanto, não parece ser a premissa em "O Caçador de Trolls" (2010). Embora procure seguir o estilo em termos formais, o filme de André Ovredale apresenta-se muito mais como piada ao próprio gênero do que como tentativa de construir uma verdade.

Estruturalmente, todos os elementos de um tradicional mockumentary estão lá. A mensagem, nos créditos iniciais, trata de alertar o público: o filme é uma versão baseada em arquivos enviados anonimamente para a produtora Filmkameratene em 2008. As imagens foram analisadas por uma equipe especializada, que constatou a autenticidade do material. Leia-se "baseado em fatos". As sequências seguintes, contudo, tomam o caminho da sátira ao mostrar três estudantes da Universidade de Volda, na Noruega, à procura do misterioso Hans (Otto Jespersen), um caçador de... TROLLS! A paródia descamba ainda mais quando os jovens descobrem que o sujeito, na verdade, trabalha para um órgão secreto do governo norueguês  o Instituto de Segurança de Troll.

Utilizando recursos comuns ao gênero, como câmera na mão, visão noturna, cortes secos e cenas mal enquadradas, "O Caçador de Trolls" revela-se um documentário explicitamente falso, cuja principal preocupação não está em enganar ou assustar, mas sim em fazer rir. Apesar do ritmo lento estimulado por sequências dispensáveis, a produção encontra boas sacações nos detalhes e, principalmente, na atuação de Jespersen. Impossível não mostrar, pelo menos, aquele sorrisinho no canto da boca em algum momento  seja por achar graça de Hans berrando "Troll" em plena floresta, seja por rir de si mesmo. Afinal, você pagou para ver monstros gigantes, peludos e caricatos que adoram comer cristãos. Mas, vai, tem muito mockumentary pior por aí que quer ser levado a sério. A gente só tem a agradecer por esse não ser o caso de "O Caçador de Trolls".



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